domingo, 23 de outubro de 2011

Será mesmo o fim do planeta Terra?


Milhares de milhões de anos no futuro, quando o nosso Sol se transformar numa gigante vermelha, crescerá e consumirá a órbita da Terra. Mas, se a Terra viaja na sua órbita, o que vai acontecer ao nosso querido planeta? Será "comido" como os pobres planetas Mercúrio e Vénus?
Os astrónomos há muitas décadas que se dedicam a tentar responder a esta questão. Quando o Sol se tornar numa gigante vermelha, os simples cálculos põem o seu equador para lá de Marte. Todos os planetas interiores serão consumidos.
No entanto, à medida que o Sol alcança este último estágio da sua evolução estelar, perde uma tremenda quantidade de massa através de poderosos ventos solares. Enquanto cresce, perde massa, fazendo com que os planetas espiralem para fora. Por isso a questão é, será que o Sol em expansão alcançará os planetas que espiralam para fora, ou conseguirá a Terra (e talvez até Vénus) escapar às suas garras.
K.-P Schroder e Robert Cannon Smith são dois cientistas tentando chegar ao fundo desta questão. Fizeram os cálculos com os mais actuais modelos de evolução estelar, e publicaram um trabalho com o nome: "Revisitando o Futuro Distante do Sol e da Terra." Foi aceite para publicação no boletim mensal da Sociedade Astronómica Real.
De acordo com Schroder e Smith, quando o Sol se tornar numa gigante vermelha daqui a 7,59 mil milhões de anos, começará a perder massa rapidamente. Pela altura que alcance o seu maior raio, 256 vezes o seu tamanho actual, terá apenas 67% da sua massa presente.
Quando o Sol começar a "inchar", fá-lo-á rapidamente, percorrendo o Sistema Solar interior em apenas 5 milhões de anos. Entrará então na sua relativamente breve fase (130 milhões de anos) de queima de hélio. Expandir-se-á para lá da órbita de Mercúrio, e depois para lá da de Vénus. Pela altura que chega à Terra, terá perdido 4,9x1020 toneladas de massa por cada ano (8% da massa da Terra).
Mas a zona habitável desaparecerá muito mais cedo. Os astrónomos estimam que migre para lá da órbita da Terra em apenas mil milhões de anos. O quente Sol fará evaporar os oceanos da Terra, e a radiação solar queimará o hidrogénio presente na água. A Terra nunca mais terá oceanos. Eventualmente tornar-se-á novamente derretida.
No entanto, existe uma vantagem para o Sistema Solar. Mesmo que a Terra, a uma mera unidade astronómica e meia, já não se encontre na zona habitável do Sol, muito do Sistema Solar estará. A nova zona habitável esticar-se-á de 49,4 até 71,4 UA, bem dentro da Cintura de Kuiper. Os mundos gelados conhecidos até então, derreterão, e água líquida estará presente para lá da órbita de Plutão. Talvez Eris seja o nosso novo mundo.
Mas voltando à questão principal - conseguirá a Terra sobreviver?
De acordo com Schroder e Smith, a resposta é não. Mesmo que a Terra consiga migrar para uma órbita 50% maior que a da actualidade, não terá hipóteses. O Sol crescerá e "engolirá" a Terra antes que alcance a região para lá da fase de gigante vermelha. E o Sol ainda teria mais 0,25 UA e 500.000 anos para crescer.
Uma vez dentro da atmosfera do Sol, a Terra irá colidir com as partículas de gás. A sua órbita irá decaír, e espiralará para dentro do Sol.
Se a Terra estivesse apenas um pouco mais longe do Sol, a 1,15 UA, conseguiria sobreviver à fase de expansão. Embora seja ficção científica, os autores sugerem que as tecnologias futuras poderiam ser usadas para acelerar a viagem da Terra para mais longe do Sol.
O pensar neste futuro distante da Terra diz-nos algo sobre a psicologia humana. As pessoas estão genuinamente preocupadas com o futuro a milhares de milhões de anos de distância. Embora a Terra seja incinerada bem mais cedo, os seus oceanos literalmente evaporem, e o nosso planeta se torne numa bola de rocha derretida, é esta destruição pelo Sol que parece mais preocupante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário